“Me viro de repente e me deparo com um par de olhos
brilhantes olhando na minha direção. Aqueles olhos...”
~Wendy on~
Aqueles olhos que me fazem sentir uma
coisa diferente dentro de mim.
Eu:
O que você quer, Harry? – pergunto, irritada, tentando me soltar de suas mãos.
Harry:
Quero saber porque você disse aquilo pra Seunome...
Eu:
Ela precisava saber a verdade! – disse, imponente. – Você sabe que o quê você
estava fazendo era errado, não sabe?
Harry:
E o quê você tem com isso? – perguntou, apertando mais meu braço e me
aproximando mais dele quando eu tentei me libertar.
Eu:
Ela é minha amiga! Eu tenho que fazer o possível e o impossível para impedir
que a magoem.
Harry:
É? – perguntou com uma cara de cínico que me deu vontade de socá-lo. Assenti. –
Então, se você é amiga dela, você não devia querer vê-la longe de um garoto que
gosta dela, só porque você gosta dele. – disse, olhando profundamente
nos meus olhos, me fazendo arrepiar. A essas alturas, nós já estávamos muito
perto. Essa pouca distância não me fazia bem. Por um instante eu quis fazer uma
coisa louca, mas me controlei e afastei dele bruscamente, fazendo-o se
assustar.
Eu:
Você é um idiota! Você acha mesmo que eu gosto de você? Há-ha-há! – ri,
ironicamente. – Se liga, meu filho! Eu nunca vou gostar de você!
Harry:
É mesmo? – perguntou, se aproximando de mim. – Então, o que você acha disso? –
perguntou e me puxou de repente para um beijo. Eu fiquei assustada, mas o gosto
doce dele na minha boca me acalmou. Aos poucos ele foi me envolvendo com sua
língua. Coloquei minhas mãos no seu pescoço e senti aquela parte tão sensível
do corpo dele, se arrepiar. Lentamente nos separamos e quando percebi que havia
acabado de beijá-lo, me afastei rapidamente.
Eu:
Seu cafajeste! Quem te deu o direito de me beijar? – perguntei gritando e
irritada, mas no fundo, bem no fundo mesmo, extasiada com o contato tão
repentino e, digamos, agradável com ele.
Harry:
Ninguém, mas você bem que gostou! – disse me olhando com malicia.
Eu:
Que estúpido! Idiota! – xinguei, dando minhas costas pra ele e andando,
praticamente correndo, pra minha casa.
Harry:
Ei! – ele me chama e a bobona aqui olha pra trás. – Quero te dizer uma ultima
coisa. – disse, correndo na minha direção e me alcançando em um segundo. – Você
gostou... – afirmou no tom mais irritante que uma pessoa consegue pronunciar
uma frase, e me roubou um selinho.
Eu grunhi e sai andando furiosa até
minha casa, entrando e batendo a porta com força quando cheguei, deixando mais
um dos idiotas da minha vida pra trás, rindo feito um demente.
Subi, marchando raivosa, para meu
quarto. Me tranquei e me joguei na cama, pensando no quão estúpido ele é por
ter esse efeito sobre mim. Eu odeio os sentimentos. Eu não tenho controle sobre
eles, e isso me irrita. Eu gosto de ter o controle da situação, mas com essas
coisinhas que surgem dentro da gente sem a gente querer, ou perceber até, e que
fazem a gente sofrer, na maioria dos casos, não me permitem ter esse controle
que tanto gosto. Sinceramente, não gosto de sentimentos.
Tenho essa visão amarga dos sentimentos
por causa de uma decepção que eu sofri algum tempo atrás. Exatamente, 1 ano.
~Flashback
on~
Eu estava começando meu 1º ano no
colegial, com 15 aninhos. Tinha aquele grupo que eu me encaixava melhor, como
sempre, o dos nerds. E tinha aquele garoto, nerd, que eu me apaixonei. Seu nome
era Travis Kavanagh. Certo dia, ele me chamou pra sair e um tempo depois a
gente começou a namorar. É fato que ele nunca foi romântico, mas a gente
estudava junto pra todas as provas, fazia as tarefas junto, às vezes dava uma
volta no parque, e só. Pra mim estava, relativamente, bom, porque eu nunca
tinha tido um namorado antes, mas algo me dizia que eu precisava de mais. Eu
sentia falta do romantismo que minhas amigas sempre comentavam sobre. Só eu, e
a Seunome, minha melhor amiga até hoje, que não sabíamos o que aquela palavra
significava.
Um dia, resolvi ir conversar com o
Travis e ver se a gente conseguia deixar o nosso relacionamento bom pras duas
partes, já que ele parecia frustrado também. Cheguei na casa dele e bati na
porta, mas ninguém atendeu. Abri a porta com a chave reserva que eu tinha, já
que eu estava escutando uns barulhos vindos do quarto dele, além das luzes
estarem acesas. Fui subindo as escadas, escutando aqueles barulhos suspeitos
ficarem cada vez mais altos. Gemidos. Esse era o barulho que eu escutava. Me
desesperei e sai correndo em direção ao quarto dele. Abri a porta com tudo e
foi nesse momento que eu mudei pra sempre meu pensamento sobre o amor. Encontrei
ele com uma das patricinhas da escola, a Samantha, transando. Fiquei
paralisada, olhando aquela cena. Os dois tinham sorrisos satisfeitos no rosto,
o dela parecia meio enojado. Assim que ele me viu, deu olhada, que foi de mim a
ela e dela a mim, e continuou seus movimentos de vai e vem em cima dela, nem se
importando com a minha presença naquele quarto.
Fiquei perplexa com a atitude dele e sai
correndo daquela casa no mesmo instante que ele voltou seu olhar pra mim depois
pra ela novamente, deu-lhe um super beijo e disse de uma maneira meio
engrolada: “O que você ainda tá fazendo aqui, sua nerd nojenta? Saí daqui! Você
não vê que está atrapalhando?”.
Aquele foi o fim da linha. Sai correndo
pelo meio da rua, chorando igual uma não-sei-o-quê. Por um momento, pensei que
eu morreria desidratada na calçada, porque não saiam lagrimas dos meus olhos,
saiam duas cachoeiras em época de cheia. Após um boa meia hora chorando sentada
no meio fio de uma rua que eu não conhecia, resolvi voltar pra casa.
Infelizmente, eu precisaria passar em frente a casa dele pra voltar pra minha.
Quando eu estava bem em frente a casa dele, vejo os dois saindo pela porta. Me
escondo nuns arbustos ali perto e ouço aquela víbora falar: “Olha, isso nunca
mais vai acontecer! Eu só fiz isso porque você fez meu trabalho de física e
você insistiu muito, mas nunca mais vai acontecer. – se virou pra ir embora. –
Ah, mais uma coisa, não fale comigo na segunda, se você falar eu vou te
humilhar tanto na frente dos outros alunos, que você nunca mais vai sair de
casa...”. Após isso, ela entrou em um carro e foi embora. Ele apenas entrou em
casa em silêncio e trancou a porta.
Eu também fui embora, sem entender nada
do que havia acontecido. “Por que ele fez isso comigo?”, “A gente se amava
tanto...”, “Ah, bom, talvez, ele não me amasse do mesmo jeito que eu o
amava...” eram frases que passaram pela minha cabeça direto por cerca de 8
meses após o acontecido. Ainda passa, às vezes, pela minha cabeça quando eu o
vejo na escola, mas quando eu vejo a Samantha esnobando ele, passa. Essa
historia é uma pagina virada da minha vida agora, mas eu ainda me lembro da dor
que eu senti naquela época e do quanto a Seunome me ajudou. É por isso que eu
preciso protegê-la de tudo que possa magoá-la, de tudo que possa fazer ela
ficar do jeito que eu fiquei.
~Flashback
off~
Então, é por isso que eu não gosto dos
sentimentos. Eles me fizeram sofrer, me fizeram ver a vida amargamente, como um
lugar aonde a gente só vem pra sofrer. Desde o acontecido, a Seunome vem tentando
mudar minha cabeça com relação à vida e os homens, e ela está conseguindo.
Posso dizer que estou apaixonada de novo, mas não pelo cara certo.
Tenho certeza de que ele só vai me fazer sofrer,
além de eu não poder tentar nada com ele, já que ele está saindo com a minha
melhor amiga e eu não quero magoá-la. Nunca me perdoaria se eu fizesse isso. Eu
era muito ingênua naquela época, a maioria das garotas da minha idade ainda
são, mas tudo aquilo me fez amadurecer, eu acho, e por isso tenho que certeza
que prefiro ficar sozinha pro resto da vida do que ver minha melhor amiga, a
pessoa que me amparou no momento mais difícil da minha vida, triste por minha
causa. Então, é isso! Acabou! Nunca mais vou ter uma história de amor. Pelo
menos minha querida amiga do coração, a melhor pessoa do mundo, está feliz!
Isso é o suficiente!
Enfim, depois de toda essa rasgação de seda sobre
sentimentos não correspondidos, amor e tristeza, tomo coragem pra levantar e ir
tomar um banho. E, após uns 20 minutos embaixo daquela água perfeitamente
deliciosa, eu saio do banheiro e ponho meu pijama de cor azul céu e desço para
jantar.
Meus pais estão colocando a mesa. Eu os ajudo e
assim que terminamos, comemos a deliciosa comida caseira da minha mãe. Após a
refeição, eu subo pro meu quarto para estudar e encontro meu celular tocando
loucamente a música ‘What the hell’ da Avril Lavigne, o que significa... é a
Seunomeee!!! Atendo apressada:
~Ligação
on~
Eu:
Alôôô??? Queeem éé?? – perguntei, fazendo graça.
Seunome:
Eu, né, sua bobinha! Tudo bem? – eu amo ela, velho, ela é a pessoa mais fofa do
mundo.
Eu:
Sim, e com você?
Seunome:
Também! Aqui, eu queria saber se você não quer dar uma volta comigo e os
meninos amanhã... – disse com a voz mansinha, tipo de criancinha pedindo doce
pra mãe.
Eu:
Eu? Por quê?
Seunome:
Ah... Eu não quero ficar só eu lá com dois garotos... Vai sim, por
favooorrrr!!! – implorou.
Eu:
E eu vou ficar de vela? – perguntei, meio sem graça de ter que ficar lá
enquanto eles três se curtem.
Seunome:
Não, você fica conversando com o Harry. Eu quero ficar com o Zayn e como o
Harry queria ir também, não teve jeito de eu falar que ele não podia ir, já que
eu estou meio que saindo com ele ainda. – disse e eu me senti mal por ter
beijado o Harry, sendo que ela ainda está ficando com ele.
Eu:
Como assim? Você continua com ele mesmo depois do que eu te falei? – perguntei
exasperada.
Seunome:
Bom, depois daquela nossa conversa, eu tive uma conversa com ele e ele disse
que só fez aquilo porque estava na seca desde a semana passada, que não
envolveu sentimento nenhum, - ah, esses sentimentos... – só foi um beijo. E
como ele é o maior pegador da escola, eu entendi, já que ele beijava garotas
praticamente todos os dias antes da gente começar a ficar. Ele não estava
errado. Eu e o Zayn só nos beijamos a pouco tempo atrás e o Harry eu nem
beijei, e pretendo nem beijar, porque eu vou ficar com o Zayn. – explicou
calmamente a situação. É impressionante a calma dela. Ela esta saindo com os
dois caras mais gatos da escola e está calma e continua do mesmo jeito de
antes, não ficou metida por causa disso. Como assim? Eu tenho a melhor amiga do
mundo, que, por coincidência ou não, é a melhor pessoa do mundo.
Eu:
Tudo bem, então. Mas o que eu vou ficar fazendo lá? Onde nós vamos mesmo? Não,
espera aí... E a escola? – perguntei. Não acredito que aceitei esse convite
maluco dela, felizmente amanhã tem escola, senão ia ficar um clima super
estranho com o Harry lá...
Seunome:
Amanhã é dia da cidade, é feriado! – humph! Esqueci do dia da cidade... - Sério
que você vai, amiga? Muito, muito obrigada mesmo! A gente vai numa praia numa
cidade aqui perto...
Eu:
E o que eu vou ficar fazendo lá, enquanto você estiver com o Zayn? – perguntei,
com uma pontinha de nervosismo na voz. É, meu plano de não ir por causa da
escola não deu certo. Maldito feriado... Nossa! Nunca pensei que algum dia eu
diria isso...
Seunome:
Calma amiga! Você pode ficar conversando com o Harry...
Eu:
Tudo bem, então. – respondi. – Que horas a gente vai sair?
Seunome:
Às 7 da manhã nós três passamos aí na sua casa pra te pegar. Esteja pronta! Ok?
Eu:
Ok! A gente não vai dormir lá não, vai?
Seunome:
Não sei, mas é bom você levar uma troca de roupa, pelo menos, e um casaco numa
bolsa. É sempre bom ser prevenida, né?!
Eu:
É sim! Então, até amanhã?
Seunome:
Até! Te amo, Wendy! Beijo.
Eu:
Também te amo, Seunome! Beijo.
~Ligação
off~
Aiai... Olha no quê eu fui me meter...
CONTINUA
Oiê! Foi mal pela demora, mas é que a internet aqui em casa caiu e só voltou hoje... Enfim, fiz um capítulo maior pra vocês. O que acharam? Malikisses.